terça-feira, 17 de setembro de 2013

Vício

Saí de casa, buscando um remédio, uma droga,
Que me fizesse esquecer,
Talvez substituir o meu vicio de você.
Entrei num bar, sentei num canto qualquer,
Sem saber o que beber,
Recusei as opções do cardápio,
-Aqui não vende amnésia!
Levantei e saí sem nada pedir!

Quem sabe voar...

Eu quero me jogar...
Não quero cair,
Caída já estou...
Quero me jogar
Sentir o frio de estar no ar,
Um cubo de gelo no estomago,
O medo de não saber aonde pisar,
Ou quando,
No chão eu vou chegar,
Sem saber pra onde vou
Eu quero me jogar...
Pode ser de uma pedra,
E com ritmo cair no mar,
A água gelada rapidamente molhando meu corpo,
Eu quero me jogar...
Sei que asas não possuo,
E assim por pouco tempo,
Sentirei o ar invadir meu ser
Aquele flutuar sem correntes,
Sei que isso dura pouco,
Ainda que por pouco...
Quero o risco de viver,
Por um instante quero voar,
Me sentir viva
Eu quero me jogar!

Madrugada só

Paredes brancas,
Moldura sem foto,
Porta meio aberta,
Cortinas fechadas,
E no chão...
Um bilhete amassado,
Se o amor fosse
Um jogo de sorte,
No bilhete teria um premio
Mas não era sobre sorte
Nem era sobre amor...
Paredes fechadas,
Porta sem foto,
Moldura amassada,
Cortina sem bilhete,
No chão, aquelas cartas em branco
E um verso meio aberto,
Por que é madrugada
E tudo muda de lugar...

Contando

Um a um:
Ninguém ganhou.
Dois a dois:
O tempo passou.
Três a dois:
Pra você, o amor acabou.
Quatro a dois:
Eu continuo contando...

(En)Cantada

Eu confesso que não sei jogar cartas
Quer dizer, às vezes, escrevo algumas,
Umas ficam guardadas, outras eu rasgo
Nem uma chega a seu destino,
Mas confesso que não sei jogar cartas,
Nunca tive muitos amigos
E jogando com os amigos imaginários
Eu sempre ganho e perco a graça,
Não aposto corrida
E nem jogo par ou impar
Costumo dizer que sorte é
Pra quem não tem talento,
Embora eu não tenha nem um e nem outro!
Não sei nadar, não ando de bicicleta,
Não sou boa com mímica
E nem sei fazer rimas...
Mas eu confesso que faria tudo isso
Se como premio
Eu te arrancasse um sorriso.
Acredito que alguma qualidade
Em mim, você pode encontrar,
Eu prometo que serei eu mesma,
Mas confesso também que te ver
Dá aquela vontadezinha de me reinventar
Eu sou apenas uma tola
Mas preciso dizer 
Que com você eu dividiria meu cobertor.
Confesso que lembrando de ti
Até acredito em sorte,
Eu não conheço as regras da conquista
E nem acredito em regras pra começar...
Confesso que isso não é uma poesia
E eu nem tinha a intenção
De com ela te ganhar...
Confesso que acabaram meus argumentos,
Então só te peço,
Não sorria agora...
Pra eu não ter que te agarrar!

Dança

Quem dança com a poesia
Não aceita outra companhia,
Ouço a canção da sombra
E te chamo pra dançar
Você diz que não...
E sem muito se cogitar
De mãos dadas com a poesia
Novamente saiu a sambar...

Sobre a chuva.


Menina desce o morro,
O cacho dança,
 Um gingado meio sem dono,
A bochecha cora,
Fica rosinha,
Como quem caiu no samba.
De perna roliça,
Caminha feito
Quem desenha a malicia.
O garoto da janela,
Que mora na esquina,
Calcula o tempo
Pra saber quando vai
Passa a menina.
Ela passa...
E nem sabe o que faz,
Recita Chico,
Canta Caetano ou
Chora Vinicius.
Ele pensa que
Tanta beleza,
Chega a ser grave ofensa.
O garoto quer chamar
A menina mulata,
Pra ter sua irmã,
Como cunhada.
Espera e conta as horas,
Pra ser dela
O namorado.
Mulata do morro
Sabe que é observada,
Guarda para o garoto
Muitas cartas
Estilo conto de fadas.
Tímido, meio covarde,
O garoto jura
Que chama a menina,
Se chover mais tarde...
Um amor de pequenas conquistas...
Eu torço,
Pra que a gente

Nunca desista...

Doce (a) gosto...

Eu queria te falar,
Sobre a música que se faz a dançar,
Quando meio de lado eu observo,
Essa imagem tua a me olhar.
O desejo das cores,
E aquelas poesias a nos embalar...
A barba escura que desenha seu rosto.
Ainda ouço o pular das notas,
Que sambam em mim
Ao sentir
Que minha pele tu tocas...
Na tua presença me pergunto coisas,
As quais não posso, 
Nem vou te traduzir.
Uma cantoria se faz,
Enquanto tua fotografia se prende aqui.
Teu olhar compõe a melodia da preguiça,
Que com sorte nos rouba as horas,
No improviso da minha cama,
Ganhando e perdendo algum espaço.
Você se mostra sem saber de onde vim,
Ou pra onde vou fugir...
Sem querer,
Tropeço em teu beijo,
E a poesia se desenha outra vez aqui.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Andava parado...

Andante sem rumo.

Andava como quem esperava,
Quem sabe que alguém
Ao seu lado caminhasse
Quem sabe algum motivo 
Pra que juntos 
Pudessem andar
Andava meio parando
Meio ficando 
Andava meio tropeçante
Andar por que parado
Havia cansado de ficar

Andava pra fazer 
Seu mundo girar
E sem perceber 
Quantos mundos 
Andando, ele ignorava

Juntando seus passos
Fez seus caminhos
E apenas andava
Sem nunca olhar a si
Andava pra esquecer
Que se parasse de andar 
Poderia lembrar
De quando era um andante
E feliz 
Ele andava cantante
Sem lembrar agora 
A letra da canção
Seu andar é mudo
Sua voz é baixa
E outras canções 
Não o fazem dançar
Por hora, anda lentamente,
E procura aquela versão
Da musica 
Que anda solitária
Por uma estrada calada 
Ele procura a canção que perdeu
Andando distraído
Andante meio sem saber 
O seu rumo
Agora anda apenas pra encontrar
A própria vontade 
De andar
Esperando que um dia 
Numa rua qualquer
Ele volte a cantar
E tenha seu andar cantante
A lhe inspirar
Por que nessa vida
A mim
Vale somente

Uma boa canção a dançar...





Eu queria ser um louco

Os loucos é que são felizes 
Viver sua vida 
Não lhe causa medo.
Fazer suas vontades
Não lhe é ridículo.
Os loucos é que são felizes...
E toda ação lhe é permitida.
Do louco, 
Não se duvida jamais
O bem ajuizado vive
Dentro de um sistema de regras
Suas vontades são impostas, muitas vezes...
Controladas.
O padrão social o guia 
Como música a um morcego 
E digo, cegamente.
Os loucos é que são felizes
Admiro os loucos
E se acaso eu enlouquecer
Não se espante
É só a felicidade
Presenteando-me 
Com seu beijo de amor

E eu o responderei com graça...


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Me faltam asas

Eu tento ver o mundo
Mas o que vejo são apenas
Partículas de uma vida inventada
Um grande conjunto de valores ultrapassados
Uma soma irreal
De números imaginários

E o que quero é
Só um arco-íris particular
Pintar minhas cores
Sentir meus cheiros
Perder meus medos
Plantar minhas flores

A minha felicidade
É um par de asas

Que se abram as gaiolas
Que se possa voar

Um céu azul...

terça-feira, 30 de julho de 2013

Pobre Poeta

O que não é um poeta 
Se não um pobre...
Não sei os que conheces
Mas os que conheço 
São pobres

Ao poeta não importa riqueza muita, 
Bastam uns trocados no bolso
Um vinho barato
Um maço de cigarros
A fazer fumaça...

Poucos são os poetas que não fumam
E ao se deparar a um bom vinho barato, 
Poucos são os poetas que se negam...

O que basta a ele 
É somente isso 
Papel e caneta

E se lhe falta papel 
Guardanapo 
Ou notinha velha de supermercado
A caso falte qualquer coisa 
Que se possa escrever
O que em sua mente grita

Ah, uma orquestra desordenada 
Se ponha a cantar 
O pensamento ferve 
De coisas a contar
Ao papel este que é o primeiro 
A presenciar
Poesia esta que nem sei 
Por onde vai andar

Pobre é o poeta
Que deseja somente
Um pedaço de papel 

Que possa rabiscar...

sábado, 20 de julho de 2013

Fim

Esta acabado...
O que um dia iniciou-se 
Com tanto zelo,
Chega ao fim.

Encerra-se aqui o que outrora,
Fora motivo de comemoração...
Não me refiro ao que continuou,
E nem sei de tanto
O que ficou
Não posso dizer aqui, 
Que disso, 
Algo restou...
E jamais direi que não!

Porém, agora eu sei,
Acabou.
Não foi o espaço, 
Não foi o momento,
Ou os ponteiros,
Nem a filosofia-pós-beijo-de-amor,
Isso continua,
Não foi aquela imagem 
Cantada que tenho de ti
Luz baixa 
Sussurro manso...

A fotografia continua ali.
Ou melhor, permanece em mim..

Entretanto, agora preciso repetir isso,
Confesso que com lamento, 
Mas quem sabe repetindo,
Eu me convença do fim.
Agora acabou, 
Acaba aqui.

Aquele perfume de abraço
Aconchegado
E a fala abafada
Pelo sorriso
Que tão gigante foi um dia
Acabou!

E antes que eu descubra 
Sobre o que estou falando,
Ao certo, que nem quero saber!

Vou andando por aí
Lentamente, 
Como se de algo
Eu soubesse...
E assim, sem nada entender
Digo apenas 

Tudo acaba aqui.

domingo, 7 de julho de 2013

'Epitáfio'

E pra evitar boatos,
Diga por aí,
Que eu morri...
As contas não paguei,
As sementes naquele vaso jogado num canto da sala,
Minhas flores nem reguei.

Conte sobre as promessas
Que empilhadas não cumpri.
Diga que fui má.
Nunca fale que fui boazinha,
Mentira maior não há de existir.

Diga que morri...
E que a toalha que usei,
Permanece
Ali meio torta
Caindo, mais ainda pendurada
Na maçaneta da porta.
A mesma porta que o amor fechou,
E do outro lado se trancou...

Diga também que desisti,
Que até fui bem longe.
Mas que desisti,
Do amor
Desisti de abrir portas...

Diga que eu devo estar ali
Na maçaneta,
Junto com o adeus,
Que esqueci de mencionar.

Conte aos outros que eu te fazia rir.
Que muitas vezes te fiz esperar...
Atraso era só um dos meus charmes...
Fale sobre meu bom humor
(todos lembraram de mim!)
Só não esqueça de falar sobre meu mau humor,
Aquele meu velho humor negro...
Que você bem lembra ,
Sempre aparecia...

Diga que morri...
Minhas coisas,
Perderam meu cheiro,
Fale que fui feliz.
Que farei falta.
Fale que chorou  por mim...

Mas que agora sou apenas
Os versos que escrevi.

Pra evitar boatos,
Diga, somente que morri...









quarta-feira, 26 de junho de 2013

E eu...

E eu que te odeio tanto
Passo horas revendo suas fotos, 
Reparando seus traços, 
Revivendo sua voz...

Eu que te odeio tanto...
Ando pela rua, 
Procurando teu sorriso,
Tão imperfeito riso,
Que o vejo 
Cada vez que o sol 
Ofusca meu olhar...

E eu que te detesto tanto,
Sempre penso que 
Se eu dormir e sonhar
Você vai estar aqui 
Quando eu despertar...

Tenho tanto desprezo por ti 
Que seu pijama 
Ainda esta no mesmo lugar...

Quem sabe você venha
Quem sabe eu te deixe entrar...

E eu que nem quero mais saber...
Toca meu despertador, 
E corro pra te atender...

E eu que te odeio tanto...
Nem espero mais te ver...
Busco assuntos e torço que me perguntam de você...

E por não te querer mais...
Transformo meu verso
Em outra forma de dizer:
Não me venha com desculpas...
Será que você é capaz de entender...
Que amor não acaba assim,
Odeio-te tanto, pois, 
Eu dedico,
Meu amor todo a você...


pqp

ST

Às vezes sinto 
Que se eu pintar um sorriso
Passo quase despercebida 
Pela multidão, 

E quantas tempestades 
Você esconde 
Atrás de um sorriso?

Tanta coisa já vi...
Quantas vezes me escondi...
Em um canto qualquer, 
Em meu cobertor, 
Naquele livro de amor

Tantas outras, 
Com um batom,
Pintando um sorriso,
E fazendo rima...
A gente sabe que os dias de verão vão voltar...
Mas o inverno...
Mata-me de uma forma...

Nas nuvens disfarço minhas lágrimas
E com a noite finjo uma vida
De repente 
Vira dia
Com travesseiros reinvento
Minha melancolia...
Queria eu estar apaixonada, 
Cantando com as folhas
Dançando com o tempo...
Perdi o compasso, 
Minha cantoria
Virou conto sem vírgula, 
E com pontos 

Invento meus dias...

Verão passado...

Pensei ter amor, 
Ganhei cores, cheiros, 
Lembro toques
Guardo canções...
Por pensar em amar, 
Amei na chuva, no sol, 
Amei no vento, 
Amo novamente na chuva, 
Ainda guardo cheiros e lembro as canções...
Feito criança, amei sem medo,
Pensei que de tanto amor, só poderia continuar,
Só me faltou observar, 
Nem um amor nasce sem se doar
Meu amor nasceu 
De um amor 
Já nascido em outra hora, 
Em outro jardim, 
Distancio-me das flores, 
E permaneço com as sementes...
Soltei os pássaros 
E ainda ouço seu cantar,

Assim, o amor nada mais é 
Além de um antigo verão divertido
Que sempre tentamos remontar...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Flores...

Uma cadeira em um jardim,
Plantar margaridas,
Talvez algum jasmim,
Nunca gostei muito de flores,
Quando criança me feria com espinhos...
Sem saber sobre a vida
Ainda me corto com eles...
Desejo um jardim com girassol
Muitas flores coloridas
Algum espaço gramado,
E um balanço de pneu,
Pra lembrar que criança
É sempre mais feliz...
As flores me fazem sentir
Que depois de alguns botões
As cores vão surgir...

Mercadoria

Condicionado,
Acomodado,
Condenado 
A olhar prateleiras cheias
De condimentos 
Tão vazios...
Condimentados
a serem
Assim como você
Assim como eu,
Apenas mais uma opção
Perante tantas outras...

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Passeio sem mim...

Andei pelas ruas sem saber de mim...
Saí de casa,
E deixei lá uma esperança.
Quem sabe a me esperar,
Talvez sem acreditar.
Não toquei no chão.
Não senti o vento.
Nem olhei pro céu
Ignorei estrelas.
Xinguei a lua.
Menti um adeus...
Sem pensar no que queria,
Andava sem gemer.
O vazio não emite som algum.
Tudo em mim doía.
Neguei a leveza dos dias,
Fechei meus olhos, 
Tudo me ardia,
Coração, pensamento,
Aquele barulho da rua,
Postes ainda acessos.
Quando só existo,
A vida é uma luz estranha
Que não ilumina
Não brilha
Nem faz escuro, 
É dor...
Tudo me dói
E o toque do tempo
É a sombra certa
Que nunca vai te abandonar.
E quanto tempo perdi 
Perdendo teus beijos
Nos meus cansados argumentos...
Nada posso recuperar...
Nem as lágrimas,
Que por vaidade,
Deixei de chorar...
Perdi o céu dos teus olhos
Por conta da
Nuvem que deixaste
No caminho...
Sorte dela.
Pudesse eu ter alguma sorte também...
Agora vejo que entardece,
O céu esta limpo.
Sujo estou eu...
Meu ar se cansa no fim de tarde
Um suspiro (in) feliz
Que pede uma dose de paz
Uma garrafa de amor,
(seria pedir de mais?)
Guardei minha chuva num esboço,
Quem sabe viver um céu de nuvens brancas...
E meio a tanta tempestade
Apego-me ao vento 
Que sem entender nada
Me trás de volta 

Pra mim...



terça-feira, 4 de junho de 2013

Segundo#

Dor de cabeça, passa
Dedo quebrado, melhora
Fome, acaba
A sede, a gente mata...
Dor de amor, não passa, nem cura
Só dói...

Nervoso, relaxa
Cansaço, vai embora
Dor de amor só dói...
Arranhão, incomoda...

Saudade, humm...
Saudade acumula...

Dor de amor, parece que só cresce
Muitas vezes, parece maior que a gente
Dor de amor, não cura com curativo
Não sara com Merthiolate
Não passa com banho quente
Nem com aquele chá
Que mãe faz e é potente
Doença de amor,
te deixa de cama
faz o céu ficar escuro sem ser noite
doença de amor
dói
faz tudo ficar chato
A gente perde ate a vontade de reler
Aquele poema bonito
que um dia fiz pra você...

Depois do fim...

Primeiro#

Fazer versos não seca as lágrimas
Que engulo no soluçar de um nó na garganta...
Fazer um verso rimado não trás nenhum abraço pra perto de mim,
Outra vez...
Pro meu abraço...
Mas quem sabe com versos
Eu consiga saber o que penso tentar dizer
Pois, muitas vezes, nem sei o que pensar,
Sobre as cosas que quero dizer...
Meus versos não trazem o ontem de volta pro meu hoje.
Mas ninguém disse que eu não poderia tentar...

Quem sabe com uma rima simples
Eu consiga dizer-te
Que nada acabou aqui...
Eu continuarei fazendo versos
E que meus versos não costumam rimar
Mas que eu continuo
Esperando que depois de ler
Tais meus versos
Você pense em voltar
No meu abraço
Fazer sua morada
E quem sabe dizer sorrindo
Que eu posso novamente
Ser sua namorada...

quarta-feira, 29 de maio de 2013

''?"

Se ficar aqui esta noite
Eu prometo preparar-te um café, 
Se puder ficar mais 
Eu posso te contar sobre minha vida,
Posso te escrever um conto...
E se ficar para o jantar?
Essa semana vai ser quente, 
Podemos ver o mar,
Quem sabe visitar alguma ilha...
Mostro-te minhas folhas preferidas
Mas teremos de acampar!
Esta chovendo lá fora, 
Se você ficar vemos um filme
E tomamos leite, 
Eu posso te fazer cafuné até cansar...
Agora me diz
Quem falou que você podia fazer isso...
De me envolver?
Tirar-me da linha torta que eu vivia,
De tirar meus livros da ordem
E ficar no lugar deles...
Fazer com que pense em você 
Em quase tudo que vejo...
Eu tinha planos de estraçalhar 
Alguns corações, 
Eu estava mesmo 
um tanto rebelde e desacreditada
Quando foi que se tornou um pedaço meu?
E por que eu?
Quando foi que teu abraço se fez tão seguro e quente?
E por que eu?
E me conta que negocio é esse de não me ligar?
Escurece e você não vem?
Me canta uma canção 
E me diz por que ainda não chegou?
Em que rua eu me perdi?
E onde você achou?
Naquela escada torta em que parei para fumar?
E fez logo eu te querer?
Onde estavam suas meias?
E minhas inteiras?
E por que eu?
Em que gaveta da vida guardávamos isso?
Em que momento você deixou de ser um sonho oculto?
Podes me explicar o porquê do eu te amo?
E por que eu?
Como faz pra não te largar mais?
Onde você mora que não é comigo?
E por que não comigo?
Aliás, por que eu?
Aquele cobertor não esquenta mais, 
Mesmo se usar todos os cobertores 
Ainda falta você aqui...
Ainda sinto frio
Me fala sobre o teu inverno...
Conta-me sobre o teu inferno
Quero saber seu norte e sul 
E todas as suas esquinas
Eu quero ter sede 
De não passar fome 
De amor...
Tenho tanto a te perguntar
E vou começar perguntando
Por que você ainda não respondeu tudo?
Mas me diz primeiro 

Por que eu?

Sombra e Lua

Vontade de esquecer tudo,
Dar um chute no mundo.
Tantas coisas a dizer,
Que da boca nada saí.
A ausência se mostra,
Feito sombra me segue.
Agora sou apenas,
Uma sombra.
O reflexo que se fez,
Distante da luz...

Sombra onde tanto
Esconde-se,
Covardia minha essa
Que me faz 
Desenhar versos
Numa madrugada amena.
Covardia essa que me faz
Não dizer nada,
Nada a mim,
Nem ao mundo.

Vago pelo silencio
Levando meu velho discurso
O discurso aquele 
Que ainda nem conheço
Meu silencio é noite de lua
Minha melhor lua é meu silencio
Com tons de cinza avermelhada...

E se nada digo
Minha sombra é noite
Minha covardia é lua
Sou agora
Sombra do silencio
Numa noite de lua cinza.

A sombra onde vejo 
Minha covardia camuflada
Dela nasce o verso
Nele me escondo
Sou sombra e silencio

Numa noite sem lua.



terça-feira, 28 de maio de 2013

Eu queria mesmo

Eu queria mesmo era sair daqui...
Não sei bem se havia uma rota,
Mas já perdi meu mapa.

A rua é deserta,
E as estrelas não me guiam hoje...
Ninguém conhece as regras,
E não sei usar minhas cartas...
Neblina.
Fumaça.

As cinzas voam, 
Eu continuo aqui...
Queria mesmo era sair...

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O céu é só uma corrente...

''O céu é só uma corrente arrebentada...
E quantas vezes você já não se refez 
Sabendo que aquilo era só 
Uma mancada...
Uma atitude infantil,
Feito criança mimada...
A vida não demora muito
Mas ainda assim 
Não nos cobra nada...
Eu sempre mudo de ideia 
Antes da ultima tacada.
Não te culpo por ser assim 
Nem vou te apontar a entrada
Alguns caminhos são estranhos...
A mata pode ser fechada...
Eu não sei de mim
Porém, todos deixam pegadas, 
Ainda vejo o céu
Feito corrente arrebentada...
Talvez correntes que deixamos 
Despedaçadas
Em alguma porta emperrada
Ou num canto da sala...
E eu nem sei 
Quantas poesias, 
Eu já não perdi numa madrugada... ''