segunda-feira, 8 de abril de 2013

Sem roteiro

Desagua em mim
Torna-me a cena
Da peça faltante
Do ato covarde de não
Torna-te a arte da cena.

Feito mar, cheio de ondas...
Bem sabes que nada sou 
Nada és
(gotícula do nada)
Com tantas (m)águas
A mim
Molhasse a alma.

Tomou de mim
Tudo que não fiz
Enfim, o que não quis
Pois nada existe
A não ser o que tens aí,
O que tenho em mim.

(É tudo aquilo que nunca vemos, 
Nos falta aos olhos.)

Tornou de minhas frases,
Teu roteiro certo, 
Direi incerto
Pois só é certo 
A inexistência 
De tal, 
Tua certeza, 
É incerta.

Desagua imensidão
Do escuro trás o som

A noite sem fim
Invento teu refrão
Desfaço tua peça
Um teatro da arte da vida que é arte
A peça perdida 
Do quebra-cabeça sem solução
A peça do ato 
A arte de nada ensaiar na vida 
A não ser o ato de tentar uma vida 
Misturo tudo, a vida te mistura
Se mistura pra não ser a peça perdida 
No ato 
De não ser peça nenhuma
Não existe teatro
A vida é a arte, 
Muitas vezes 
De não fazer parte 
Do teatro
Outra cena, outro ato.
Ser a peça do tablado.


Ensaio tua cena,
Câmera e luz,
Luz essa que mostra tua cara 
Camufla tua alma
Alma tua que perdida faz companhia 
A tantas outras
Achadas, desencontradas, 
Extasiadas com tanta informação
-Que informação? Pergunta o tolo.
O tolo que nada vê
Somente se distrai com a vida
Coisa tal, que falta a tantos

Que falta a mim
Falta de mim

Misturo tudo que desagua
Feito poesia em um mundo sem fim, 
Sem ato,  nem cena, 
Nem começo, nem fim
Quando acabar, desagua!

Desagua teu verso em mim
Ato final:
A vida não tem roteiro, 
Segue a vida, 
Sem rodeios.
Fecham-se as cortinas, 
Quem gostou aplaude, 
Somente no final.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Poeminha de amor

Não conheço verso igual,
Não existe nada no dicionário que possa me ajudar
A traduzir beleza sua

Essa mesma tal
Que me tira o ar
Me bota a gaguejar!

Contigo penso em namorar, 
Quem sabe um dia me casar
Falar de educação,
Nossos filhos ensinar
Jogo de xadrez
E nas cartas não trapacear..

Cachorros a correr pelo parque...

Muitas noites é seu pijama que vou usar!

Minhas manias,
Minhas implicâncias
Seus gostos,
seus entornos...

Nosso mundo de mãos dadas,
Inventar...
Eu já te amo, vida minha
E você vai ter que me perdoar
Roubei seu travesseiro
Pois assim,
Torna bonito meu sonhar...

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Pesado e vazio e só


Tão vazio estar só
Tão vazio que é só
Tão pouco sou tanto
Tão curto ser só
Tão breve seu encanto
Tão longa a saudade.

Tanta gente quer pouco...
Um pouco de amor
Um pouco de atenção
Um pouco de muito abraço
Um pouco de vontade...
Ter a liberdade
De

Sorrir depois
Do sabor doce
De um beijo,
O sorrir
Beijante
Do doce
De beijar
Sorrindo...

Tanta gente que não sabe dar nenhum pouco...
Quanta gente é tão só
Quando a gente é tão pouco
E torto.

Tão raso, e leve
Que de tão livre
Nada leva...

Outro leviano,
Sem conhecer o amor
Faz da leveza
Uma pena levada pelo mar
E que pena do mar..
Que com leveza
Permitiu-se dela enamorar...

Acaba que a gente é só
Feito um ponto só
Perdido na imensidão
De si mesmo
E só

E de pouco,
Pouco se sabe de ser pouco
Tanta gente é tanto
Que simples esquece
Pouco já é tanto...
E de tanto se faz nada

Tanto nada que enche minha garganta
Faz-me berrar um grande vazio
Gritar um silêncio!

Repleta
Preenchida
Transbordando vazio
Torno-me tão pouco
Que o só
Apenas completa minha canção
De nota nenhuma
De coro solitário
Com doce repetição...

Um vazio presente em tudo
Tão só
Que de tanto conhecer a solidão
A multidão se torna só
De pouco
E de vazio
Torna-se tanto só

Hoje quero um pouco de solidão
Só uma dose de si mesmo
Um brinde a sua solidão
A me fazer companhia
Nessa noite cheia de tão pouco...