terça-feira, 30 de julho de 2013

Pobre Poeta

O que não é um poeta 
Se não um pobre...
Não sei os que conheces
Mas os que conheço 
São pobres

Ao poeta não importa riqueza muita, 
Bastam uns trocados no bolso
Um vinho barato
Um maço de cigarros
A fazer fumaça...

Poucos são os poetas que não fumam
E ao se deparar a um bom vinho barato, 
Poucos são os poetas que se negam...

O que basta a ele 
É somente isso 
Papel e caneta

E se lhe falta papel 
Guardanapo 
Ou notinha velha de supermercado
A caso falte qualquer coisa 
Que se possa escrever
O que em sua mente grita

Ah, uma orquestra desordenada 
Se ponha a cantar 
O pensamento ferve 
De coisas a contar
Ao papel este que é o primeiro 
A presenciar
Poesia esta que nem sei 
Por onde vai andar

Pobre é o poeta
Que deseja somente
Um pedaço de papel 

Que possa rabiscar...

sábado, 20 de julho de 2013

Fim

Esta acabado...
O que um dia iniciou-se 
Com tanto zelo,
Chega ao fim.

Encerra-se aqui o que outrora,
Fora motivo de comemoração...
Não me refiro ao que continuou,
E nem sei de tanto
O que ficou
Não posso dizer aqui, 
Que disso, 
Algo restou...
E jamais direi que não!

Porém, agora eu sei,
Acabou.
Não foi o espaço, 
Não foi o momento,
Ou os ponteiros,
Nem a filosofia-pós-beijo-de-amor,
Isso continua,
Não foi aquela imagem 
Cantada que tenho de ti
Luz baixa 
Sussurro manso...

A fotografia continua ali.
Ou melhor, permanece em mim..

Entretanto, agora preciso repetir isso,
Confesso que com lamento, 
Mas quem sabe repetindo,
Eu me convença do fim.
Agora acabou, 
Acaba aqui.

Aquele perfume de abraço
Aconchegado
E a fala abafada
Pelo sorriso
Que tão gigante foi um dia
Acabou!

E antes que eu descubra 
Sobre o que estou falando,
Ao certo, que nem quero saber!

Vou andando por aí
Lentamente, 
Como se de algo
Eu soubesse...
E assim, sem nada entender
Digo apenas 

Tudo acaba aqui.

domingo, 7 de julho de 2013

'Epitáfio'

E pra evitar boatos,
Diga por aí,
Que eu morri...
As contas não paguei,
As sementes naquele vaso jogado num canto da sala,
Minhas flores nem reguei.

Conte sobre as promessas
Que empilhadas não cumpri.
Diga que fui má.
Nunca fale que fui boazinha,
Mentira maior não há de existir.

Diga que morri...
E que a toalha que usei,
Permanece
Ali meio torta
Caindo, mais ainda pendurada
Na maçaneta da porta.
A mesma porta que o amor fechou,
E do outro lado se trancou...

Diga também que desisti,
Que até fui bem longe.
Mas que desisti,
Do amor
Desisti de abrir portas...

Diga que eu devo estar ali
Na maçaneta,
Junto com o adeus,
Que esqueci de mencionar.

Conte aos outros que eu te fazia rir.
Que muitas vezes te fiz esperar...
Atraso era só um dos meus charmes...
Fale sobre meu bom humor
(todos lembraram de mim!)
Só não esqueça de falar sobre meu mau humor,
Aquele meu velho humor negro...
Que você bem lembra ,
Sempre aparecia...

Diga que morri...
Minhas coisas,
Perderam meu cheiro,
Fale que fui feliz.
Que farei falta.
Fale que chorou  por mim...

Mas que agora sou apenas
Os versos que escrevi.

Pra evitar boatos,
Diga, somente que morri...