sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Aquela das piadas

Acho que vou me afogar na privada
Parece melhor do que essa agonia acumulada.
Queria atropelar uma bicicleta,
Parece mais fácil do que ter você
Embaixo da minha coberta.
Vou adotar um guaxinim, chamar de meu bem,
Parece mais simples do que se reconstruir
Depois de um certo alguém.
Vou dar chá de cogumelo a uma velha sem dente,
Parece mais divertido,
Do que essa distância entre a gente.
Vou lavar o carro com óleo de cozinha
Parece mais interessante
Que toda essa gente vazia.
Vou pintar a casa com margarina,
Parece mais lógico
Que toda essa rima...
A gente pode até fazer piada,
Beber, fumar, e às vezes, encontrar uma graça,
Mas não adianta correr
Quando a saudade te abraça,
O jeito é viver isso, até que um dia

Até isso passa...

Acho que sonhei

Caminhando pela noite
Encontrei rostos de uma vida
Que não era minha
Meus retratos,deixei pelo caminho
Andei por esquinas esquecidas pelo sol,
Nem uma cor existia,
Tudo era cinza sobre cinza aquele
Certo brilho deixei cair,
Quase não pude andar em frente
Aos lados eu não poderia ir
Nao se pode seguir aos lados,
O que dizem e seguir em frente
Mas eu ignorei isso
Sentei numa calçada e ate
Conversei comigo mesma
Eu sei que estive ali
E ainda sem concorda
Com nada do que foi dito
Resolvi tentar de novo...
Segui em frente,mesmo com toda aquela cinza.
O que era puro eu derrubei
Manchei de vinho,o que era amor
E com vinho barato,brindei as varias formas.
De sentir dor

Segui sem dobrar esquinas

Aquela da criança

Criança de sono leve
Sonho longo,
Medo bobo.
Olha pela janela, 
Se fizer chuva
Seu mundo se faz no quarto
Espalha bonecos
Inventa caminhos
Ruas e vidas...
Se fizer sol
Crainça é aventura
Saí pro mundo
Joga bola,
Quer correr
Se esconder, estátua
Pêra, uva, maçã ou salada mista,
Caí no chão, levanta caí na risada.
Criança feliz esconde seu medo
Embaixo do travesseiro...
Beijo de boa noite espanta mostro,
Deita, puxa o cobertor, começa seu sonho
Leve inocente,
Acredita na fada,
No príncipe e no lobo...
Criança mantém o sorriso fácil.
Mas criança cresce,
Agora chora em silêncio,
Deita, pede aconchego.
Menina grande, hoje deita e sonha
Em ter outra vez, se não for pedir muito,
Eternamente, talvez
O sorriso doce inocente da criança pequena
De sonho azul,
Sorriso simples,
Beijo apertado,
Quem dera tivesse de volta

As aventuras de quando criança.

Como vai você

Aqui esta tudo bem,
Vou tentando improvisar.
O que vejo não é divertido,
E me parece que você não vai voltar...
Em branco é que a vida não pode passar...
Vou brincando de ser poeta,
Até que outro beija-flor
Venha me visitar...

( Da série ‘Diálogos de um amor  interrompido.’)

Condenação

Condeno-te. 
Condeno-te a revira volta,
Do vento.
Entrego-te as mudanças,
Da lua.
Devolvo-te as invariáveis andanças
Do sol.
E por fim,
Admiro-te
Na mais absoluta
Escuridão da noite.

Até retornares,
Verei teu rosto
A cada negar de luz
Que a noite me oferecer...

Condeno-te a me chamar,
A me ver dançar,
A me ouvir cantar,
A vir
E não me encontrar...
Condeno-te a mostrar-me o fim ,
E a um novo começo
Me convidar...



Numa Dessas

Prepare melhor suas palavras,
Tempere bem seus sorrisos,
Olhe-me verão,
Olhe-me sem querer mudar de estação...
Deseje-me em sombra,
Pó, rímel e batom,
Deseje-me com ou sem,
Deseje-me dentro ou fora
Do tom.
Só não  me faça esperar

Porque eu não tenho pressa...

Ao Acaso

Ao acaso,
Entre tantos maços,
Construímos nossos laços;
Hoje conto em baforadas,
Todas as noites
Que me deixou acordada.
Ao acaso construímos redes,
Lonas e paredes...
Ao acaso, me perdi...
Acaso, algum dia
Você se encontrou?
Embalamos diálogos
Enlaçados, atormentados
Por tantos históricos,
Ao acaso e acaso,
Entre tanto e sobretudo...( acaso)
 Nunca pensou em mudar seus planos?
Mudar suas falas,
Suas faltas ou suas pontes?
Nunca pensou em entregar ao acaso
Nosso ato enfim?

Ao acaso, fomos tão ao contrário
Que em versos,
Agora estamos ao avesso,
Nossos laços não encontram mais
Nossos becos...
E ao acaso, fizemos do romance,
Apenas mais um caso,
Outro caso
Que se esquece
Algum dia
Em um pequeno

Porta-retratos.