quarta-feira, 29 de maio de 2013

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Se ficar aqui esta noite
Eu prometo preparar-te um café, 
Se puder ficar mais 
Eu posso te contar sobre minha vida,
Posso te escrever um conto...
E se ficar para o jantar?
Essa semana vai ser quente, 
Podemos ver o mar,
Quem sabe visitar alguma ilha...
Mostro-te minhas folhas preferidas
Mas teremos de acampar!
Esta chovendo lá fora, 
Se você ficar vemos um filme
E tomamos leite, 
Eu posso te fazer cafuné até cansar...
Agora me diz
Quem falou que você podia fazer isso...
De me envolver?
Tirar-me da linha torta que eu vivia,
De tirar meus livros da ordem
E ficar no lugar deles...
Fazer com que pense em você 
Em quase tudo que vejo...
Eu tinha planos de estraçalhar 
Alguns corações, 
Eu estava mesmo 
um tanto rebelde e desacreditada
Quando foi que se tornou um pedaço meu?
E por que eu?
Quando foi que teu abraço se fez tão seguro e quente?
E por que eu?
E me conta que negocio é esse de não me ligar?
Escurece e você não vem?
Me canta uma canção 
E me diz por que ainda não chegou?
Em que rua eu me perdi?
E onde você achou?
Naquela escada torta em que parei para fumar?
E fez logo eu te querer?
Onde estavam suas meias?
E minhas inteiras?
E por que eu?
Em que gaveta da vida guardávamos isso?
Em que momento você deixou de ser um sonho oculto?
Podes me explicar o porquê do eu te amo?
E por que eu?
Como faz pra não te largar mais?
Onde você mora que não é comigo?
E por que não comigo?
Aliás, por que eu?
Aquele cobertor não esquenta mais, 
Mesmo se usar todos os cobertores 
Ainda falta você aqui...
Ainda sinto frio
Me fala sobre o teu inverno...
Conta-me sobre o teu inferno
Quero saber seu norte e sul 
E todas as suas esquinas
Eu quero ter sede 
De não passar fome 
De amor...
Tenho tanto a te perguntar
E vou começar perguntando
Por que você ainda não respondeu tudo?
Mas me diz primeiro 

Por que eu?

Sombra e Lua

Vontade de esquecer tudo,
Dar um chute no mundo.
Tantas coisas a dizer,
Que da boca nada saí.
A ausência se mostra,
Feito sombra me segue.
Agora sou apenas,
Uma sombra.
O reflexo que se fez,
Distante da luz...

Sombra onde tanto
Esconde-se,
Covardia minha essa
Que me faz 
Desenhar versos
Numa madrugada amena.
Covardia essa que me faz
Não dizer nada,
Nada a mim,
Nem ao mundo.

Vago pelo silencio
Levando meu velho discurso
O discurso aquele 
Que ainda nem conheço
Meu silencio é noite de lua
Minha melhor lua é meu silencio
Com tons de cinza avermelhada...

E se nada digo
Minha sombra é noite
Minha covardia é lua
Sou agora
Sombra do silencio
Numa noite de lua cinza.

A sombra onde vejo 
Minha covardia camuflada
Dela nasce o verso
Nele me escondo
Sou sombra e silencio

Numa noite sem lua.



terça-feira, 28 de maio de 2013

Eu queria mesmo

Eu queria mesmo era sair daqui...
Não sei bem se havia uma rota,
Mas já perdi meu mapa.

A rua é deserta,
E as estrelas não me guiam hoje...
Ninguém conhece as regras,
E não sei usar minhas cartas...
Neblina.
Fumaça.

As cinzas voam, 
Eu continuo aqui...
Queria mesmo era sair...

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O céu é só uma corrente...

''O céu é só uma corrente arrebentada...
E quantas vezes você já não se refez 
Sabendo que aquilo era só 
Uma mancada...
Uma atitude infantil,
Feito criança mimada...
A vida não demora muito
Mas ainda assim 
Não nos cobra nada...
Eu sempre mudo de ideia 
Antes da ultima tacada.
Não te culpo por ser assim 
Nem vou te apontar a entrada
Alguns caminhos são estranhos...
A mata pode ser fechada...
Eu não sei de mim
Porém, todos deixam pegadas, 
Ainda vejo o céu
Feito corrente arrebentada...
Talvez correntes que deixamos 
Despedaçadas
Em alguma porta emperrada
Ou num canto da sala...
E eu nem sei 
Quantas poesias, 
Eu já não perdi numa madrugada... ''

quinta-feira, 9 de maio de 2013

O velho e a chuva

Tanto desejou uma vida bonita, 
Que preocupava-se com isso a todo tempo...

Zangava-se com o sol, 
Que de tão forte 
O queimava a pele.
Em dias de chuva
A tudo xingava 
Incomodava a ele,
A dança dos pingos,
Na janela.

Preocupava-se
com os planos que não davam certo
invariavelmente...

Contava seus dias
Por derrotas e desastres...

Não percebia ele que a vida lhe presenteava
Dia após dia
Com a graça do improviso,
Com a beleza serena
Da própria vida...

E quando percebeu
Que não podia segurar o tempo
junto as folhas do calendário,
Com um banho de chuva
resolveu contemplar a vida,
vivendo-a
e assim segue
chuva após chuva...

terça-feira, 7 de maio de 2013

É assim...


É, e às vezes, a gente não se entende
Grita mesmo, fala tudo, 
Fala o que quer, 
Aumento o tom, 
E perde a razão.

Sabe, é difícil entender 
Por que tanto amor, 
Não pode só acontecer...
O tempo atropela
Não pede licença 
Só passa por cima,
Muda até o clima.

A gente não se entende, 
Briga, discuti, 
Antes de perder a linha 
E bota tudo aos ares,
Faz aquele silêncio, 
Finge que brinca com o vento, 
Finge que nada aqui acontece.

Como posso eu pensar 
Que ideologia 
Pode no nosso amor 
Tudo mudar...

A gente quer a mesma coisa
E demora tanto pra entender 
Às vezes, a gente não se entende
Mas desistir...
Parece tão longe.
O que a gente quer 
É ficar perto
Sem dor, 
Sem briga, 
Apenas amor
Sol e melodia
Café, cigarro
E um bom cobertor.

Sabe, às vezes, 
É difícil, 
E a gente não se entende
Para tudo 
Olha pro outro 
Apenas se rende...

Depois de um beijo nada mais aborrece
A gente vive o romance
Ele vive o hoje
Eu tento também...
Nosso conflito fica lá atrás
E a gente olha pra frente...